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segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

TV Brasil quer sair do traço, mas falta dinheiro para investimento

No ar há pouco mais de quatro anos, a TV Brasil, TV pública nacional criada pelo presidente Lula, ainda é pouco conhecida. Em São Paulo, maior cidade do país, pouca gente sabe que pode sintonizá-la nos canais 62 (analógico) e 63 (digital). Sua audiência não passa de 0,1 ponto. Ou seja, traço.
O jornalista Nelson Breve, há dois meses presidente da emissora, quer mudar esse quadro. “Minha missão é fazer a comunicação pública ser conhecida e valorizada. Não podemos nos sentir ofendidos quando alguém fala que não somos conhecidos. Não somos mesmo”, admite.
Não será uma missão fácil. Embora tenha um orçamento anual de R$ 400 milhões, um “caminhão de dinheiro” para uma emissora pública, menos de 20% desse total (ou cerca de R$ 70 milhões) pode ser investido em equipamentos e novos programas. O resto já está comprometido com despesas de custeio (pessoal, produção).
E a verba que o governo federal investe na TV Brasil pouco cresceu desde que ela foi fundada. Neste ano, em valores reais, até caiu em relação a 2011.
Para aumentar os recursos, Breve aposta no que chama de “captação”. Quer buscar patrocínios de estatais como a Petrobras para telejornais, apoio cultural a programas e propaganda institucional.
No ano passado, a TV Brasil captou R$ 20 milhões nesse mercado. É pouco.
Melhorar o sinal
Nelson Breve reconhece que a qualidade do sinal é um dos principais problemas da TV Brasil. “O sinal é muito importante melhorar”, afirma. A TV, orgulha-se, tem uma “programação de qualidade, não no topo das TVs públicas mundiais, mas acima da média”.
Porém, com apenas R$ 70 milhões para investir, a TV Brasil não pode falar em novos e potentes transmissores para São Paulo. Aqui, pelo menos, há canais próprios, embora distantes das TVs abertas que monopolizam a audiência (Globo, Record, SBT, Band).
Em capitais importantes como Belo Horizonte, a EBC (Empresa Brasileira de Comunicação, a estatal que administra a TV Brasil e rádios públicas federais) só tem canal digital. Em Estados importantes, como Paraná e Rio Grande do Sul, depende de parcerias com TVs públicas estaduais.
Breve aguarda, com certa ansiedade, a definição do projeto da Telebrás para a criação do operador de rede. O operador de rede será uma empresa que administrará torres de antenas e a distribuição de sinais de canais públicos, como a TV Senado e a própria TV Brasil. O crescimento nacional da TV Brasil depende do operador de rede.
Para melhorar o sinal da TV Brasil, que chega “lavado” às operadoras de TV paga, Breve pensa em mudar o uplink (subida) do Rio para Brasília.
Reestruturação
Para impulsionar seus projetos, Breve comanda uma reestruturação na emissora. Nos próximos dias, deve anunciar o assessor da Casa Civil André Barbosa como superintendente de engenharia, operações e TV digital.
Barbosa foi um importante interlocutor do governo na implantação da TV digital no Brasil.
Deverá ser criada também uma diretoria de captação, focada na busca de recursos extra-orçamentários, de patrocínios, por exemplo.
Diálogo com São Paulo
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Ainda neste ano, segundo Breve, deverá ser lançado um jornal local em São Paulo, para que a cidade apareça em sua programação. “Hoje a gente é quase repetidora em São Paulo, não uma geradora. Precisamos dialogar com a cidade”, diz.
O telejornal depende da contratação de profissionais. E, tão cedo, não será possível produzir mais programas na maior metrópole do país. “O orçamento não está nos permitindo”, lamenta

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