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quarta-feira, 1 de maio de 2013

“A Máquina” de revelar gente: Fabrício Carpinejar

Eu estava no primeiro andar da livraria Cultura. Do térreo ouvi alguém me chamando e rompendo o silêncio costumeiro de lugares assim, era Fabrício Carpinejar. Chamar não é nada, para mim a livraria parou de vez e nos encarou, não para pedir silêncio mas para sincronizar com o jeito diferente do grande poeta se comportar.




De lá para cá, 3 livros foram lançados, com a morte de Moacyr Scliar, Carpinejar o substituiu em um jornal de grande circulação do Rio Grande do Sul, vieram programas de rádios e, agora, lá para as bandas de São Paulo, Fabrício gazeteia.



Somente ele poderia romper com as estruturas dos talk shows. Ninguém mais apropriado. Longe de tentar nos fazer rir, de debochar dos músicos, de demonstrar superstição ao levantar a perna sempre que recebe um convidado como faz Gentili, o poeta avança o sinal em seu programa. Torce a roupa até último pingo e ainda a coloca no Sol por via das dúvidas. O convidado deve sair do estúdio com a vontade de buscar seu eu verdadeiro que ficou ali estirado. Revelado.



“A Máquina” não é um programa de cultura, onde trechos de russos são declamados, não causa estranheza em quem pouco lê, sequer esmiuça grandes temas, fato esperado por quem é filho de Maria Carpi e Claudio Nejar. Ele simplesmente extrai do entrevistado suas ideias mais puras, sua verdade mais interessante, seu jeito que o deixa sem jeito.



Como na livraria, onde expôs toda sua vontade em encontrar pessoas, Fabrício permite o encontro do entrevistado consigo. E isso é muito prazeiroso e diferente em se tratando de talk show.



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