“Homens de Bem”(Rede Globo), telefilme de Jorge Furtado que foi ao ar na noite de ontem, marca uma espécie de ‘rentrée’ do ator Rodrigo Santoro em grande estilo.
O ator, que está em plena forma física e com o talento habitual ainda mais aprimorado, resgata uma espécie de “James Bond” e não fica devendo nada aos protagonistas da série. Com todo o respeito a Sir Sean Connery!
A direção de Jorge Furtado é ágil, sem os exageros comumente cometidos nos filmes de ação e espionagem, transitando com harmonia entre cenas calmas e longas e as de maior agitação. A história é contada com clareza.
O tema, infelizmente para todos, não é nada inusitado. Suborno, escutas telefônicas não autorizadas, político suspeito de corrupção: é o cardápio diário de nossos telejornais. Em “Homens de Bem” essa ‘intimidade’ que temos com esses assuntos não tirou o interesse em acompanhar a história. Ao contrário, deu ainda uma maior curiosidade de vermos aonde e como aquilo tudo ia acabar.
Para não dizer que não houve surpresas, o político investigado na trama, personagem vivido com extrema competência pelo ator Fulvio Stefanini (Ricardo), mostrou-se avesso à corrupção. A vida bem que poderia imitar a arte!
Luis Miranda (Ulisses), Virginia Cavendish (Cristina) e Guilherme Weber (César) endossam um elenco de primeira. A participação da grande atriz Irene Brietzke, como a laboratorista que faz o teste de DNA para Ciba saber se Mariana (Juliana Moretti) é ou não sua filha, dá um toque de classe ao telefilme. Débora Falabella se sai muito bem como Mary, o ‘par romântico’ do ‘Bond Brasil’ Ciba (de Alcebíades) vivido por Santoro.
Jorge Furtado demonstrou que, além de bom diretor, tem um ‘feeling’ especial para formar o seu elenco. Especialmente no caso do protagonista Ciba. O diretor declarou recentemente que sempre pensara em Santoro para esse personagem. E acertou em cheio. O diretor de núcleo é Guel Arraes.
Independentemente do ‘cast’ ser de primeira, Rodrigo Santoro é quem carrega o filme nas costas. E, não querendo ser, mas já sendo, repetitivo, a câmera é apaixonada por ele. E isso não é coisa da minha cabeça apenas. Até Hollywood já percebeu isso. O cara é bonito, charmoso, elegante e, ainda por cima, talentosíssimo. Parodiando o antigo “Te cuida, Latorraca”, do grande Alberto Roberto (personagem impecável do sempre genial Chico Anysio) – eu arriscaria: “Te cuida, Daniel Craig”!
Para arrematar o acerto da obra como um todo, a famosa ‘química’, que é vital entre os protagonistas, aconteceu. Mary (Débora) e Ciba (Rodrigo), que no enredo teriam se conhecido ainda nos tempos da faculdade, demonstraram intimidade e parceria, tanto nas cenas mais cotidianas quanto nas mais apimentadas.
Enfim, um belo trabalho, entretenimento de qualidade com todo o requinte de detalhes e o acabamento de um longa. O que não é de admirar-se ao verificarmos que a Casa de Cinema de Porto Alegre, que acumula excelentes trabalhos em seu currículo, esteve junto na produção da obra. E nem adianta pensar em ‘bairrismo’, pois, embora a “Casa de Cinema” (criada em 1987) fique até no mesmo bairro (Rio Branco) onde eu passei toda a minha infância e adolescência, deixei Porto Alegre em 1975 e, obviamente, nem tive a oportunidade de conhecê-los.
O importante é que iniciativas como essa é que a TV aberta deve abraçar. Ganha a emissora e ganha principalmente o telespectador, com um bom programa ao alcance de todos.
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